28.1.09

resignação

uma palavra pinçada.

pega-se de algum lugar,
para soltar em outro.

queria que quase todas as palavras deste texto fossem não-palavras.
não-palavras, não-texto, sem comunicação.

somente a - resignação - [enquanto palavra].
solta neste espaço.
espaço virtual (mas também visual) com prazo de validade-duração.

assim, pergunto:
que forma a palavra resignação toma neste espaço?
é para você mesmo que eu pergunto.
[eu nem estou aqui].
você quem?
[também não está aqui].

como final-introdução, já que Blanchot mesmo diria que ponto de chegada é ponto de partida, solto a palavra novamente:

R E S I G N A Ç Ã O

27.1.09

do resgate de um texto perdido


e o mais curioso,
é que hoje eu li um texto que tinha a ver.
(com o texto perdido/ resgatado).


se houver predisposição, sempre "terá a ver"?

mas isso atualmente tem pouca relevância.
a não ser a surpresa-regozijo-emocional.

no entanto, é sempre interessante uma retomada de pensamento.
nunca é o mesmo.
nunca mais.


na recuperação, algo perdeu-se.
não importa há quanto tempo,
já está no limbo do irrecuperável.

mas no limbo se transforma,
às vezes parece que algo emerge.

alguns diriam: era só o que importava.
ou: era o que importava! (o resto, não).

isto cansa-me.

qual a importância das coisas importantes?

se esta questão parece não fazer sentido,
que seja sentida pelo estranhamento,
pela entrada no terreno da dúvida.

26.1.09

de uma impossibilidade.


(texto de seis meses atrás) :



dar uma forma exata de um pensamento inteiro, através das palavras.
mas me interessam os caminhos. me interessa o -entre- .

começando pelo emissor do pensamento.
emitir é escolher.
as palavras, uma certa lógica de ilustração.

receptar é escolher.
é entender não entendendo, entender do seu jeito, sempre diferente.

convenciono que diferente é diferente do que o outro julga por diferente.
(aqui ou em qualquer outro lugar).

perco-me no entre, como entre que me interessa.
no entre, diversos caminhos.
os caminhos [de onde para onde], na busca dessa forma, é que me interessam.

eu me aproprio das palavras do emissor,
já distorcendo.

e a distorção não é necessariamente mais sensata porque tenho consciência dela.


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[e aqui, permito-me uma distorção (do pensamento).
uma leitura origem deste pensamento.
mas para quê explicar! que seja:
(se desejar, clique no título para a fonte)]

Releituras

Era o chá das madeleines de Proust com "Just" do Radiohead.
Mas as madeleines ficaram de fora: o que eu molhava no chá era a música.
Ela estava ali, como uma forma de música, mas para ouvir, só se mergulhada no chá – como as lembranças que causavam as madeleines.
Mas aqui o que acontecia não eram lembranças: era música.

Maya Redin

20.1.09

para Maya:

Viver (com) aquilo que não diz respeito.
Existem várias maneira de responder a esta situação. Uns dizem: é preciso viver como se viver não nos dissesse respeito. Outros dizem: visto que não nos diz respeito, é preciso viver sem nada mudar na vida. Mas, ainda outros: você muda, você vive a não-mudança como o traço e marca disto que, não dizendo respeito não poderia mudá-lo.

Maurice Blanchot
(a conversa infinita - vol.1)