26.11.08

para viver.


trabalho de preguiçosa:


esperar encontrar correspondências diretas entre o "de fora" e o "de dentro".

na espera, vivo a desarticulação destas correspondências.

afinar pode ser desafinar.

[um dia me encontro com o desencontro.]

21.11.08

o "por fora" e o "por dentro"

Como querer ser especialista (de mim mesma),

sem poder ser especialista do mundo (exterior), que também está em mim?


o de fora dentro, nenhum deles plenamente conhecido.

pra dentro-imaginar...

meu dicionário ensina até a formar frases!

13.11.08

fuga em disparada



depois de decidir fingir a vida [que se leva], pode-se realmente continuar fingindo?

[
você levou a vida exatamente do modo que desejou levar,
nada fantástico, e nem inconsolavelmente decepcionante.]


a fantasia é alegre e de certo modo reconfortante.

um dia, inadvertidamente, nada mais faz sentido.
nada.
vazio.
vida morte.

a neurose é apenas um momento, quero neurose tranqüila pra refletir.

nada faz sentido.
[ não há nada aqui. ]

acreditar é um desejo profundo.
vontade potência.


depois de decidir fingir, pode-se realmente continuar fingindo?

seria bonito pensar que não.
mas sempre se pode se acostumar.
talvez não sem matar
um dos que temos por dentro.

ou fugir correndo, em disparada, em desespero.
desespero salvação.
histeria salvação.

creio que há uma lucidez na histeria.


1.10.08

formigas e as palavras-nada.

as palavras-nada podem ser simpáticas como certas formiguinhas.

ou simplesmente estar estorvando pelo caminho, merecendo um chega-pra-lá.

30.9.08

e existem as palavras-nada.

palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada palavras nada.

17.9.08

Para o encontro. Abismar-se



fugir dentro do fugir, adentrando-se, e nesse adentrar, abismar-se.
até que de tanto entrar: fora.

- para o espaço, para completamente qualquer lugar, para o outro dentro.

no outro dentro vive o encontro.

e o desencontro, se não encontro.

vive a espreitar.

eternas possibilidades fora da fuga, na fuga da fuga.
fuga escape.

estratégia de viver, para adensar-se.

29.8.08

perdeu-se.



fechou-se demais.

mesmo dentro de uma caixinha
no escuro,
fica difícil encontrar.

[o que é perene escorre pelos dedos]


ver [com esses olhos bem abertos] nem sempre resolve.



27.8.08

para outro. para o encontro do desejo.



desejo urgente.
tão forte que faz-se angústia.

desejo angústia, saciado com desespero.
viver com dureza áspera.

perder-se nos desesperos, nos desejos, nas vontades.

na busca profunda, inteira vertigem.

ser vertigem, perder, abismar-se.

abismar-se no encontro.

encontro, eterna busca.

encontro: chegada, repouso. alívio.

ver-entender vai além do viver.

está além do viver.

de fora, impossível.

semprevoubuscaroqueestápereneoqueseperdecomopoeiraoaventomist
uradoàspalavras.




22.8.08

Barthes por R. Bellour

"De um lado, o movimento, o presente, a presença. Do outro, a imobilidade, o passado, uma certa ausência. De um lado, o consentimento à ilusão, do outro, uma busca de alucinação. De um lado, uma imagem que foge, mas que nos prende em sua fuga; do outro uma imagem que se dá inteira, mas cuja inteireza me despossui. De um lado, um tempo que duplica a vida, do outro, uma inversão do tempo que acaba por desembocar na morte."

ilusão, mais uma vez.

Raymond Bellour escreveu:
"...a menos que se faça do humor a polidez de um desespero infinito."


polidez no desespero
teria ainda como ser desespero?

(humor) polidez como disfarce?
.

fico pensando que o tipo de opressão mais cruel,
é a disfarçada com delicadeza.

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para
a tragédia de um desespero infinito,
talvez a polidez seja um tipo de salvação.


enganar-se como estratégia para viver.

14.8.08

5.8.08

...

[vou "criar" a série parênteses, que se chamará ...]

metade da raiva é escrita. dead line dia 15.

hibernar. demais.

eu durmo demais. quase sempre.
tenho dúvidas se ainda descobrirei o porquê.

não quero produzir tudo o que preciso durante o sono.

quero estar bem acordada.

pupilas bem dilatadas para sei lá o quê.

31.7.08

e ele disse:

"Uma escritora utiliza esta expressão: ficar individual. Uma pessoa que numa conversa, de repente, fica individual, é alguém que entra em si próprio, como se cada um fosse dois e pudesse o seu 2° mergulhar no primeiro e fechar-se."

Gonçalo M. Tavares.

27.7.08

para recuperar o desapercebido.


vou desfocar.
para quando voltar a ver, nitidamente
ver outro [
ter outro olhar]
no mesmo.

exercício para distrair o involuntário.

23.7.08

...

às vezes, muito mais do que dizer o que é
me interessa dizer o que não é.

comentários para perder-se.



então, tudo é uma ridícula questão de ponto de vista.

- nããaao, não é ridículo não... (um fato, com um opressor caráter de concreto, apenas e talvez).
é óbvio.
então, porque o esquecimento tende a girar (e cercar) em torno de todos os outros pontos de vista (principalmente os nossos, que são vários-variáveis) obrigando-nos a considerar a penas um, o nosso, o ÚNICO nosso ponto de vista, totalmente infligido pelo estado de espírito?

defesa, talvez.
ou para não enlouquecermos com múltiplas personalidades.

seja como for, me agrada sair de ponto e ir a outro.
é como se eu estivesse na posição de câmera que olha de cima.
como se eu estivesse na impossibilidade, que dura apenas um segundo, se tanto.

de saber que não única, que sou inúmeras, que uma organização descontrolada age sobre elas.

mas......
me questiono se não temos controle nesse descontrole.

controle inconsciente - interno.
regido uma vontade latente, sem verbo e mais potente do que qualquer racional consciente.

"decido" e vivo coerentemente em relação a isso, mesmo que tenha a ilusão de ter outros desejos.

o absurdo talvez,
é que "outros desejos" denunciem esse desacordo silencioso, entre vontade e ilusão de outra vontade.
estes, convivendo juntos, impossibilitam a saída de ponto a outro, raro ínfimas exceções.

ilusão como arma de ataque ou de defesa?

se de ataque, talvez a melhor defesa seja o esquecimento.
Es- que - c i - m e n - to . . . ..
[não esqueceu, ou esquecido ou esquecerá, ir esquecendo.... o que talvez permita voltar no caminho]


se defesa....
[talvez defesa seja apenas outro tipo de ataque]
vertigem de esquecer-se - perder-se para viver.


17.7.08

...

... para pensar o que há por fora e o que há por dentro do corpo.

vísceras-vestígios.

vestígios estão mais para rastros (partes perdidas) ou apontamentos?

vísceras
sintomas
silêncio
silêncios
escuro e denso
vermelho escarlate.


16.7.08

pelo novo.


Não sei se gosto mais da franqueza ou do choque (sensação de peito aberto) que ela causa.

Uma quase-revelação, quando parte do sentimento de quem fala (o franco).

Uma onda da qual é impossível sair, pra quem recebe (o chocado).

A onda (do mar, essa quase-metáfora) dói mais quando ficamos imóveis.
Será o mesmo para o chocado?


Fico pensando que sim, e que o interessante é que desde modo, o choque é duro e cortante, contraste vivido.

Choque pelo sentimento de estar vivo.

Como ir fumar um cigarro no frio da rua.


Tem também o sentimento de invasão, ser invadido.

Como se me obrigassem a sair de casa.

Para sentir o estranho que está além do pequeno mundo onde vivo, um cercadinho de certezas-ilusões.

Desfazer para refazer. sempre outro.

pelas ilusões renovadas.



fuga para o encontro.


Fuga requer abandono.
para o encontro,
um abandono de si. um auto-esquecimento. um ir-se.

em algum momento atrás, me disseram:
"...mas acho que no abandono percebe-se uma tristeza que sabe-se como caminho a percepção do desencontro com as coisas."

Foi então que me deparei com o desencontro. como única saída para o encontro.
como se fosse necessário abismar-se.
como se depois da queda a gente só se levantasse numa outra posição. auto-encontro.

o fim das ilusões me parece ter um pouco disso, de encontro. perder as certezas. e uma quase-paz.

7.7.08

ensaio para dias nulos.


Mulher devastada.

Perdida nas noites
de luzes e sons ofuscantes.
Cidade particular de ritmo invertido.

Perco a conta dos meus dias, no exercício
de esquecer, tornando-me outra.

Devastada. Sentimento encontrado no fundo do mergulho.

As cores se confundem e se perdem no profundo da noite. e ainda vejo o azul violeta chegando, num movimento silencioso: os olhos caem antes do dia.

...as tardes transcorrem como um dia distante. transeuntes transitando, uma porta fechando. uma mão leva a xícara à boca, um leitor absorto, o sinal que abre e fecha.

Apagamento, diluição.
Olhar com distância para não sentir dor.
a dor dos outros dói menos.

E apenas outros. Não estou aqui, nem em lugar algum.
Assim, perco-me, estou a salvo. Apago progressivamente...
.percorro o limbo, não lugar.
Um dia regresso. ou recomeço.
recomeço-regresso de quem sou.

dias escorrem, esmaecidos.
.........................................................................................
tanto tempo passou. parece que foi ontem, parece que foram-se anos...

Nada acontece. Tudo se sente.


21.6.08

Para dormir.



...e o que perturba, regressa. Não volta, nem mesmo vem na minha direção.
Apenas me faz lembrar que nunca foi-se, dorme.

O que estava morto dorme.

Fiquei por esses dias pensando - pensamento que retomo seguidamente - sobre os sentimentos, estados de espírito, ânimos, pensamentos adormecidos. Tudo que pode sumir, o que quase inconscientemente esquecemos de propósito. O que colocamos a dormir.

Pensava que, quando posto conscientemente, o que hibernava era na verdade morto, desintegrado como poeira ao vento. E se voltasse, seria sempre outro.
Tende a ser.

Estes dias me apertaram o botão de ligar. Acordei tomada de assalto (surpresa embaçada de quietude). O sentimento revirou-se, fechou os olhos para dormir novamente.
Nunca percebi um acordar repentino que tivesse um adormecer repentino. Se enlaça, desenlaça, cochila, e dorme. Sonha, pensa dormindo. ...se torna ilegível, flutua e some novamente.

Fico sempre pasma ao me dar conta de como aquilo que decidimos (adotamos) - e do que não decidimos (ambos, nunca juntos) - se concretizam.
E do que são sempre sombras.